Dia 9 Les Bossons – Chamonix

🇲🇫01/09/2018

Hoje é dia de festa!
Último dia do Tour: é muita contradição para sentir.
Acordas ansiosa, e pensas: o Tour está feito. Pode a vida ser muito imaginativa e escorregares a sair da tenda partires uma perna e pronto lá se foi a certeza. Mas não foi o caso.
Sabíamos que o dia se previa chuvoso, mas também sabíamos que nos faltavam 5km para acabar, uma hora de caminho e sem desnível??? Põe a motivação em alta a qualquer um. Quem quer saber das previsões meteorológicas?🙄😏😎

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A meteorologia aqui. Se a pedra está:
…seca – é bom
…húmida – chove
…branca – neva
… a abanar – vento

Foi um passeio até acabarmos.
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Chegámos a Chamonix e fomos recebidos com o melhor ambiente de festa que se poderia pedir. Neste dia ao fim da tarde iria começar o UTMB (Ultra Trail du Mont Blanc), que deve ser das provas mais conhecidas e esperadas dos trail runners, com cerca de 2.500 participantes, dos quais acabaram 1778. Sim, aquilo que nós fizemos em 9 caminhadas, estes humanos fizeram a correr e demoraram entre 20 horas e 46h56m…. Uns meninos, nós 😂😂😂!
A energia que se vive ali, à volta desta corrida, só dá para explicar estando lá, mas a música que acompanha a partida é o Conquest of paradise (Vangelis)… dá para perceber o ambiente.

Não foi fácil. Suei, amaldiçoei  o tempo, cansei-me em caminhos tortos. Achei que não estava em forma. Moí o corpo, andei com roupa suja e nem sempre as noites foram fáceis. Está feito.  O esforço acabou. É hora de gozar o feito.  De voltar a casa, estar com os meus, apreciar o conforto da minha cama, tomar um  daqueles banhos que lavam até à alma. Sinto tudo isto e, igual a mim mesma, choro quando chegámos… é a alegria em forma liquida😉.

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Ao mesmo tempo que transbordas a sensação de conquista e contentamento,  pelos mesmos poros vai-se aquele sentimento que te tem preenchido nos últimos dias, de dar mais de ti para chegares onde queres, de que estás a ultrapassar-te e a acrescentar-te. Na vez desse sentimento, está já uma semente de saudade a dizer eu quero subir mais! verdade…eu sofro, mas eu adoro o ar que me preenche quanto paro a meio de uma subida, respiro fundo e olho à minha volta completamente extasiada, apaixonada por este planeta e em paz com a vida.
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Vai-se lá perceber as coisas desvairadas que  passam nesse caminho entre a cabeça e o coração … o caminho mais louco que fazemos ☺️.

Almoçamos, o Nuno foi buscar as princesas para vermos a partida da corrida e passámos a tarde a passear, entramos em todas as lojas de turistas que havia para entrar, esplanadamos, e relaxamos😎.
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Mais tarde, foi hora de passear sem mochila, de jantarmos a festa, de dar descanso ao corpo. 🤩🤙🎉✌️🍻🎈

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E faltou-me falar de tanto.
Das pessoas com que nos cruzamos: um casal com uma menina de dois anos; um adolescente contrariado; a rapariga que vivia no Canadá, e estava a fazer o tour sozinha, já que neste pedaço do planeta, não tinha que se preocupar com ursos ou pumas; os trail runners que passaram por nós e aplaudimos; jovens de 60 anos que parece que estão a fazer o passeio da tarde; pessoas que nitidamente não iam acabar. Pessoas em autonomia, de bicicleta, de mula, e grupos com troleys nos abrigos 🙄🤔 

Da quantidade de vezes que dissemos bonjour e buongiorno e uns poucos good morning. E outras vezes todos de rajada, só por brincadeira, ou porque já não sabia em que país estava: Hi! Bounjour! Ciao! Good morning! Buongiorno!
E como o dizíamos a sorrir e cheios de motivação quando descíamos, e como tínhamos que nos esforçar para responder quando éramos nós a subir! Cientes, porém que em breve tocaríamos de posições!

Das marmotas que nos acompanharam maior parte do tour com aquele som, que poderia jurar que seria um qualquer pássaro louco, não fosse o conhecimento do nosso guia. Giras, giras!

No dia seguinte saímos cedo, fomos comprar souvenirs e seguimos para o aeroporto.

Morta, mas cheia de vida😂😘
Foi lindo!

 

 

 

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